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História e formação dos acervos
Acervo numismático
O acervo numismático do Museu de Valores tem sua origem antes mesmo da criação do Banco Central do Brasil. Havia um museu na Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc). Ao ser criado, o Banco Central recebeu bens de diversos órgãos, entre eles aquele rico acervo histórico e numismático, composto de peças que representam a história dos meios de pagamento. Em complemento ao acervo numismático originário da Sumoc, o Banco Central arquivou, desde sua criação, os registros relacionados com a concepção de padrões monetários, além da guarda de cédulas e moedas.
Diante desse contexto, cogitou-se a criação de um museu voltado para documentar a evolução dos meios de pagamento, com o compromisso de preservação e divulgação do patrimônio cultural e da memória econômica do nosso país.
Em 1966, a Diretoria do Banco Central formalizou o processo de organização do Museu de Valores, do planejamento do espaço e da curadoria. Assim, iniciou o processo de coleta e aquisição de moedas, cédulas, títulos e valores mobiliários e outros objetos relacionados à história do dinheiro. Foram incorporados acervos pertencentes à extinta Caixa de Amortização, à Casa da Moeda do Brasil e à Reserva-Ouro Brasileira. A coleção foi enriquecida com aquisições de importantes coleções particulares ao longo da década de 1970 e 1980 para adquirir peças específicas com o intuito de completar os conjuntos já existentes ou incluir peças de valor numismático relevante.
Em 1972, com a inauguração do Museu, na cidade do Rio de Janeiro, como parte das comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil, o acervo reunido foi disponibilizado ao público. Dada a importância do Museu e do seu acervo, com a mudança da sede para Brasília, o Museu de Valores é também transferido para a nova Capital. Com a construção do edifício-sede do Banco Central, em Brasília, foi reservado espaço para o museu, inaugurado em 8 de setembro de 1981.
Atualmente, o Museu de Valores conta com acervo numismático de aproximadamente 135 mil peças, considerando também as peças em consignação enviadas por outros bancos centrais. A coleção do Museu de Valores possui com algumas raridades, como a a patacão de 1809 e a peça da Coroação de D. Pedro I. É importante destacar que se trata de uma das coleções numismáticas públicas mais importantes e completas sobre a história econômica brasileira, que dificilmente poderá ser reunida, mantida e disponibilizada de forma gratuita ao público por outro colecionador ou mesmo por outro museu.
Acervo artístico
Quanto à coleção de artes, atualmente é composta por pinturas, gravuras e esculturas de importantes artistas plásticos brasileiros do Século XX, tais como, Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, entre outros, que somam 554 peças de valor museológico, segundo o Catálogo da Coleção de Arte. A história do acervo está intimamente ligada ao papel do Banco Central no saneamento do sistema financeiro nacional. Quase todas as obras são fruto do processo de liquidação de bancos e foram incorporadas ao patrimônio do BC como parte da quitação das dívidas contraídas no socorro financeiro aos Bancos Halles e Áurea durante a década de 1970. A origem das obras está ligada à história do mercado de arte e da Galeria Collectio.
A coleção de arte, apesar de ser parte de pagamento de dívidas de bancos, recebeu tratamento diferenciado de outros bens, que eram vendidos pelo BC em até seis meses. Dada a relevância da coleção como patrimônio artístico e cultural, ela foi incorporada ao patrimônio do Banco Central. Com isso, a autarquia assumiu compromisso de valorização e difusão do acervo artístico com a inauguração do espaço da Galeria, com entrada franca ao público, e construção de reserva técnica na década de 1980, além do empréstimo de seu acervo a importantes museus e instituições no Brasil e no exterior.
A importância do Museu de Valores
Para o Banco Central, a filosofia de manter museu e acervos se adequa perfeitamente às atividades da instituição. Antenor Araken Caldas Farias, ex-diretor do Banco Central, em prefácio de publicação sobre o Museu, assim se expressou: "Em paralelo ao desempenho de seus encargos específicos, dentre eles o de órgão emissor, executando os serviços do meio circulante, o BCB cultiva o propósito de divulgar todo um patrimônio cultural. De fato, é significativo que uma organização ainda nova como esta Autarquia adote, como símbolo institucional, a marca de um dobrão, moeda antiga de conhecida presença na evolução histórica do País. É um feliz sinal de compromisso com a História.”
Em 47 anos de funcionamento, o Museu já atendeu mais de meio milhão de visitantes, dentre eles, em sua maioria alunos dos ensinos infantil, fundamental e médio. Em Brasília, de acordo com o Censo Escolar de 2016, realizado pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), as redes pública e privada atenderam aproximadamente a 665 mil estudantes, sendo que a rede pública, pelo mesmo Censo, responderia por quase 70% desse montante, com mais de 459 mil alunos matriculados entre Ensino Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos (EJA), educação especial e educação profissional. Os números demonstram o grande potencial de atendimento do Museu, que pode ser alcançado por meio do estabelecimento de parceria com a SEEDF para atendimento crescente de escolares e capacitação de professores para dialogar com as plataformas do Museu de Valores. Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em dezembro de 2017, abre-se também oportunidade para o Museu dialogar com a SEEDF sobre o desenvolvimento de programa educativo que contemple as necessidades da rede pública de ensino e o conteúdo de educação financeira/econômica.
Um novo Museu: economia e educação financeira
Nos últimos anos, o racional de manter um museu e seus acervos foi ampliado, indo além de seu papel atual de preservar a memória dos meios de pagamento e de valorizar a coleção de arte. Nos últimos anos, o Banco Central tem amadurecido a sua estratégia de inclusão e educação financeira a ponto de se tornar uma ação estratégica da instituição. Nesse sentido, assim como os bancos centrais de países como Alemanha, Canadá, França e México, o Banco Central do Brasil está investindo em um museu de economia. Com essa perspectiva, o Museu de Valores ganhou destaque no processo de promoção de educação financeira e econômica da população, de forma sinérgica, com outras ações e políticas do BC. É importante ressaltar que, nesse novo Museu, os acervos numismático e artístico terão papel-chave para dar vida à nova narrativa econômica sobre a história dos meios de pagamento e a relação das pessoas com os diferentes dinheiros e valores econômicos, além de dar materialidade a conceitos e fenômenos da educação financeira e economia, de forma leve, em especial, ao público escolar.
O Museu de Valores no cenário mundial
Vale destacar que o Museu de Valores mantém relacionamento com instituições nacionais e internacionais, destacando-se a filiação ao International Council of Museums (ICOM), uma organização não-governamental vinculada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que tem por objetivo “a pesquisa, dinamização e divulgação dos ensinamentos técnicos no campo da museologia e a proteção do patrimônio histórico e cultural dos museus”. Trata-se, enfim, de uma rede única composta de mais de 2.000 museus de todo o mundo, 30.000 especialistas e 151 comitês que tratam dos mais variados temas de cunho museológico. No âmbito do ICOM, o Museu de Valores é membro do International Committee for Money and Banking Museums (ICOMON), comitê dedicado a fóruns de discussão, troca de experiências e desenvolvimento da gestão dos museus numismáticos e monetários de todos os continentes, no qual muitos museus de bancos centrais se fazem representar. Em complemento, registra-se que os bancos centrais em todo mundo possuem museus como ferramentas de comunicação com a sociedade e de promoção da história econômica de seu país. Vale ressaltar que, dos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), 184 países possuem banco central e desses, 109 possuem museus. Ao detalhar por continente, nota-se que na América do Sul, 100% dos países (membros da ONU) possuem em seus bancos centrais um espaço exclusivo a museus que expõem a história econômica de seu país.
Pórtico sobre a entrada
Documentário de 26 minutos, produzido pela EBC/TVBrasil, em 2012, dentro da série Conhecendo Museus.